Em maio, o Rio Grande do Sul viveu sua maior tragédia climática. Mais de 90% das cidades foram afetadas, impactando mais de 2,1 milhões de pessoas. Esse cenário gerou um efeito dominó: medo do desabastecimento de arroz, corrida aos supermercados em todo o Brasil, escassez e aumento de preços.
Para garantir o abastecimento e preços justos ao consumidor, o governo decidiu realizar um leilão de arroz. No entanto, a falta de consulta prévia ao setor produtivo gerou descontentamento.
Após a repercussão negativa, governo e representantes do setor se reuniram para dialogar. Essa conversa, que deveria ter acontecido desde o início, revelou a necessidade de avaliar a situação das lavouras e o risco de desabastecimento.
O diálogo resultou em um consenso que incentivou os produtores e garantiu preços justos para os consumidores. Ou seja, os interesses e necessidades dos envolvidos foram considerados.
Mas qual a relação dessa história com conflitos familiares?
Imagine o governo como o pai, o setor produtivo como a mãe e o consumidor como os filhos. Em um divórcio, mágoas e frustrações muitas vezes cegam os pais, deixando os filhos em segundo plano. Isso vimos no caso do leilão do arroz. Dessa forma, é fundamental que os pais pensem no bem-estar dos filhos, pois não têm qualquer culpa pela separação.
A mediação de conflitos pode auxiliar na compreensão da função social da família e na transformação dessa unidade familiar. Segundo o mediador Juan Carlos Vezzulla, o conflito é apenas um momento em um relacionamento, que é muito mais complexo.
Na mediação, o acordo é construído pelas próprios mediandos, ao contrário da decisão judicial imposta. Isso aumenta a probabilidade de cumprimento espontâneo do acordo, seja no caso do leilão do arroz ou nos conflitos familiares.
Nesse sentido, os pais devem decidir juntos questões importantes para os filhos menores, como educação e saúde. Essa corresponsabilidade evita a alienação parental e estabelece um clima de respeito, pois a parentalidade continua.
Nesse sentido, convido você a refletir o fato de que os problemas na família impactam toda a sociedade. O caso do leilão do arroz é um exemplo. Quando o diálogo falha, o caminho é o judiciário. Em uma sessão de mediação, a escuta ativa e a cooperação são essenciais para que os interesses e necessidades sejam compreendidos, mesmo diante de problemas pessoais.
Escutar, cooperar na construção da melhor solução e reconstruir laços perdidos são ações que refletem positivamente além da vida pessoal. Portanto, antes de tomar decisões em momentos de tensão, reflita se o diálogo não pode ser a solução, seja nos conflitos familiares ou naqueles que envolvem o arroz, item essencial na mesa dos brasileiros.
@carloseduardochiapetta